A Hora da Estrela ou O Canto de Macabéa, uma das obras mais emblemáticas de Clarice Lispector (1920-1977) ganhou uma versão musical para os palcos, absolutamente original, para celebrar o centenário da escritora, em 2020. A atriz Laila Garin é Macabéa, a mítica protagonista do aclamado romance, ao lado dos atores Claudia Ventura e Leonardo Miggiorin. A direção e adaptação é de André Paes Leme, direção musical de Marcelo Caldi e trilha original de Chico César. O espetáculo passou por algumas capitais, sempre com grande sucesso de público, e, agora, vem a Belo Horizonte para duas apresentações, dias 23 e 24 de julho, sábado às 21h, e domingo, às 19h, no Teatro Sesiminas.
A idealização e produção do projeto é de Andréa Alves, da Sarau Cultura Brasileira, responsável por espetáculos como ‘Elza’, ‘Suassuna – O Auto do Reino do Sol’, ‘Sísifo’ e ‘Macunaíma’. O projeto é apresentado pela BB Seguros e patrocinado pelo Banco do Brasil, através da Lei Federal de Incentivo à Cultura.
“A Hora da Estrela” foi o último livro escrito por Clarice, que faleceu pouco tempo após o seu lançamento. Suas páginas narram a saga de Macabéa, imigrante nordestina cuja vida no Rio de Janeiro é marcada pela ausência de afeto e poesia. Vista pela sociedade como uma mulher desprovida de qualquer atrativo, ela se contenta com uma existência medíocre: ganha menos do que um salário, divide um quarto com quatro pessoas, sofre com um chefe rigoroso e não atrai a atenção de ninguém.
Sobre a peça
Na obra literária, tal história é contada por um escritor, que vê Macabéa na rua e resolve narrar a vida de uma pessoa tão invisível, comum e sem brilho, em um exercício de alteridade. Para esta nova versão teatral, André Paes Leme propõe uma inversão e essa figura do escritor se transforma em uma atriz. Desta forma, Laila Garin tem o desafio de se alternar entre a Macabéa e a Atriz, que não somente narra, mas também comenta e lança uma série de questões ao longo da encenação.
André Paes Leme, que já assinou elogiadas adaptações de Guimarães Rosa (‘A Hora e Vez de Augusto Matraga’) e Nelson Rodrigues (‘Engraçadinha, Seus Amores e Seus Pecados’), teve ainda a parceria de Chico César no processo de criação. As músicas pontuam toda a dramaturgia e aparecem para ilustrar o estado emocional e o interior de cada personagem. Durante a montagem, as canções servem ainda para detalhar algum acontecimento e tirar as personagens do sofrido estágio em que se encontram. Assim, trazem alguma fantasia para existências tão opacas.
Chico César vem de outra experiência bem-sucedida, ao ter a literatura como base de uma criação musical para teatro. Em 2017, ele assinou a trilha de ‘Suassuna – O Auto do Reino do Sol’, ao lado da Cia. Barca dos Corações Partidos. A experiência rendeu uma série de prêmios e indicações, inclusive ao Prêmio da Música Brasileira pelo álbum. ‘A Hora da Estrela ou O Canto de Macabéa’ vai trazer mais um conjunto de canções inéditas do compositor, com trechos musicados do próprio livro e criações livres, com base no original de Clarice Lispector.
O espetáculo marca ainda a primeira vez em que Laila Garin atua em um espetáculo de composições inéditas, produzidas ao longo do processo de ensaios. Após ser recordistas de premiações por seu trabalho em ‘Elis – A Musical’ e ‘Gota D’Água [a seco]’, Laila foi dirigida pela lendária Ariane Mnouckine em ‘As Comadres’, no início de 2019. Enquanto segue com uma série de projetos de TV, Laila se consagrou na última década como uma das grandes vozes do teatro musical brasileiro.
“Interpretar a Macabéa, as canções de Chico e ser dirigida por André já seriam motivos mais do que especiais para estar em cena. Mas fazer “A Hora da Estrela ou O Canto de Macabéa” vai além, é um espetáculo que diz exatamente o que queremos falar neste momento. Estar em cena também como a Atriz é uma afirmação deste ato poético e político que é o teatro. É um grito de indignação com muita poesia, lutando com as armas que temos. “A Hora da Estrela ou O Canto de Macabéa” fala das pessoas supostamente invisíveis, fala de solidariedade, de olhar para o outro com afeto. Além de tudo, é uma peça sobre esperança”, analisa Laila.
FICHA TÉCNICA – A HORA DA ESTRELA OU O CANTO DE MACABÉA
Da obra de Clarice Lispector / Adaptação e Direção: André Paes Leme / Idealização e Direção de Produção: Andréa Alves/ Música: Canção Original: Chico César/ Direção Musical e arranjos: Marcelo Caldi / Com Claudia Ventura, Laila Garin e Leonardo Miggiorin / Músicos: Fábio Luna, Pedro Aune e Pedro Franco/ Diretor Assistente: Anderson Aragón / Figurinos: Kika Lopes/ Cenário: André Cortez / Iluminação: Renato Machado/ Design de som: Gabriel D’Angelo/ Visagista: Uirandê de Holanda / Preparação Corporal: Toni Rodrigues
Designer de som associado: André Breda e Rodrigo Oliveira / Assistente de figurino: Sassá Magalhães / Assistente de cenografia e Produtora de Arte: Tuca Benvenutti / Assistente de preparação Corporal: Monique Ottati / Coordenação de Produção: Rafael Lydio / Produção Executiva: Felipe Valle / Assistente de Produção: Matheus Brito / Coordenação de Projeto e Coordenação Administrativo-Financeira: Ágapa Criação e Produção Cultural
Costureira: Fatima Felix / Tingimento de tecidos: Heloisa Stockler / Cenotécnico: André Salles / Equipe cenotécnica: Adriano Ferreiro, Gilvan do Carmo, Paulo Sá, Robson Silva, Ronaldo Ferrinha, Walmir Jr., Welington do Carmo
Diretor de Palco: Júnior Brasil / Camareira / contrarregra: Paty Ripoll / Operador de Luz: Rommel Equer / Operador de Som: André Breda / Técnico de Monitor, Microfonista e Coordenador de RF: Jorginho Baptista
INFORMAÇÕES ÚTEIS – A HORA DA ESTRELA OU O CANTO DE MACABÉA
Classificação: 16 anos.
Duração: 90 minutos.
Data/Horário: 23 e 24 de julho, sábado, às 21h00 e domingo, às 19h00.
Local: Teatro Sesiminas – Rua Padre Marinho, 60, Santa Efigênia.
Ingressos:
Link de venda sábado: https://bileto.sympla.com.br/event/74942/d/148578
Link de venda domingo: https://bileto.sympla.com.br/event/74944/d/148601
Valor: R$ 50,00 e R$70,00 – meia entrada válida conforme a lei.
Mais informações: (31) 3241-7181.
Fonte: Luz Comunicação.