A natureza se insinua pelos espaços, refaz caminhos e transforma tudo ao seu redor. Assim, a partir desse fluxo incessante que nasce a exposição inédita “Natureza Transformada: atravessamentos espaciais na Casa Fiat de Cultura”. Com curadoria de Guilherme Wisnik, a mostra reúne os artistas italianos Paolo Albertelli e Mariagrazia Abbaldo – pela primeira vez no Brasil – e a brasileira Marcia Xavier em um percurso que convida o público a repensar sua relação com o espaço e os elementos do mundo natural.
Com aço, vidro, estruturas metálicas e água, as 25 obras em exibição criam um território onde arte, arquitetura e natureza se entrelaçam. Numa parceria entre a Casa Fiat de Cultura e o Museu do Jardim Botânico, no Rio de Janeiro, a obra digital “Copa, Casa Cosmos”, de Estêvão Ciavatta, com narração de Regina Casé, complementa a temática da exposição e transporta o público para o interior de uma árvore Sumaúma (Ceiba pentandra). A exposição proporciona uma experiência sensorial e interativa e fica em cartaz até 8 de junho de 2025, com entrada gratuita.
Os artistas usam linguagens e materiais distintos em suas obras, mas convergem na busca por novas formas de perceber o meio ambiente, sobretudo a respeito da fragilidade do que chamamos de “recursos naturais”.
As 16 obras dos italianos Paolo Albertelli e Mariagrazia Abbaldo combinam a poética da leveza com a rigidez do aço. O objetivo da dupla é justamente transformar o peso da matéria-prima usada nos trabalhos em formas etéreas e dinâmicas.
Por outro lado, os 8 trabalhos da brasileira Marcia Xavier, investigam a interação entre superfícies líquidas e sólidas. Espelhos d’agua, vidros e espelhos distorcem imagens e criam jogos visuais que ressignificam a percepção do espaço e do corpo do espectador. Sua produção propõe reflexões sobre a efemeridade e a constante metamorfose da natureza.
Paolo Albertelli e Mariagrazia Abbaldo
Os artistas italianos Mariagrazia Abbaldo e Paolo Albertelli investigam as relações entre escultura e paisagem, utilizando principalmente o aço cortado a laser para criar formas leves e dinâmicas. Inspirados pela natureza e pelo movimento, eles transformam materiais rígidos em composições que evocam fluidez e leveza. A precisão técnica e a experimentação com diferentes texturas e acabamentos são características marcantes de seu trabalho.
Um exemplo que pode ser apreciado na exposição é a obra “Cardume”, instalação site-specific que representa o movimento dos peixes. Esse movimento funciona como uma espécie de dança coletiva, em que tudo está em uma suspensão silenciosa. Para Paolo Albertelli, é como se os peixes saltassem para fora da água, flutuassem no ar e, de repente, se transformassem em som. Na obra é possível notar que apesar da coesão, cada peixe mantém uma distância mínima dos outros, um equilíbrio entre proximidade e espaço que garante a fluidez do movimento.
Performance com estudantes
Antes da abertura da exposição, os artistas Paolo Albertelli e Mariagrazia Abbaldo realizaram uma experiência artística com cerca de 50 alunos da Fundação Helena Antipoff e da Fundação Torino Escola Internacional, em Belo Horizonte. A performance aconteceu na cobertura da Casa Fiat de Cultura, transformada em palco para experimentações e trocas criativas.
No chão, treze telas monocromáticas se estenderam como fotogramas de um filme, formando uma composição de mais de 30 metros. Os estudantes, como coautores, inseriram pedras de minério nos desenhos feitos pelos artistas, incorporando à obra a materialidade e o peso do tempo.
O resultado dessa ação é a instalação “Manguezal”, uma obra site-specific que aprofunda a pesquisa da dupla sobre a relação entre arte e natureza. Sua estrutura evoca um muro natural, como os encontrados nos manguezais dos rios brasileiros — ecossistemas densos e silenciosos, fundamentais para a vida.
A instalação se conecta também à arquitetura do espaço, dialogando com uma cisterna de aço perfurado instalada na cobertura. Por seus pequenos furos, a água evapora e atravessa o edifício até chegar à galeria, onde se junta metaforicamente à obra “Gotas no Relicário”, uma bacia que coleta gotas do teto, simbolizando os ciclos da natureza.
No centro da sala, a escultura “Raízes de Mangue”, feita de aço corten oxidado, ergue-se do chão ao teto como uma raiz viva, atravessando e conectando o espaço, em diálogo direto com a performance e o ambiente ao redor.
Marcia Xavier
Desde os anos 1990, Marcia Xavier investiga as relações entre corpo, arquitetura e paisagem. Sua produção começou com a fotografia, mas, ao longo do tempo, expandiu-se para instalações interativas, nas quais a participação do público é essencial.
A água, elemento central em sua pesquisa, atua como espelho de realidades distorcidas. Em suas obras, garrafas, superfícies espelhadas e reflexos instáveis criam composições que desfazem a fronteira entre o visível e o imaginado. “Transitando dos fluxos aquosos às superfícies polidas, a artista sabe que a água é o espelho primordial, e que o corpo é o grande agente definidor dos espaços”, afirma Wisnik.
Na exposição “Natureza Transformada: atravessamentos espaciais na Casa Fiat de Cultura”, Marcia propõe experiências sensoriais em que a imagem está sempre em transformação. A série “Horizonte Inebriante” utiliza garrafas de gin, vinho santo ou limoncello — agora preenchidas com água — para criar paisagens que se deformam conforme o olhar do espectador.
Em outras obras, como “Prisma”, o horizonte surge como ponto instável. A instalação site-specific compõem-se por uma parede de ferro e vidro, com 300 garrafas cheias de água, formando uma espécie de “estante-óculos” que distorce a paisagem. O corpo do visitante determina o ritmo da visão, criando um “cinema” em movimento, a partir da interação entre a água e o deslocamento do espectador.
Algo semelhante ocorre em “Prisma Praça Raul Soares”. A obra, um cubo espelhado, convida à interação com lentes cilíndricas de acrílico que deslizam sobre a imagem, gerando anamorfoses e revelando a percepção como agente ativo na construção do espaço.
Instalação imersiva
A experiência do público se completa com “Copa, Casa, Cosmos”, uma obra imersiva criada por Estêvão Ciavatta e narrada por Regina Casé especialmente para o Museu do Jardim Botânico, no Rio de Janeiro. Pela primeira vez, a instalação sai do Museu e desembarca em Belo Horizonte, convidando o público a mergulhar no interior da Sumaúma (Ceiba pentandra), uma das árvores mais emblemáticas da Amazônia.
Projetada em um ambiente circular, a obra conduz os visitantes por uma jornada visual e sonora que acompanha o crescimento da árvore desde a semente até atingir seu porte monumental. A experiência imersiva destaca as raízes que se espalham pelo solo, os sistemas internos da árvore e sua simbólica conexão entre o céu e a terra. Com exemplares que podem ultrapassar 80 metros de altura, a Sumaúma é reverenciada por diferentes povos indígenas como um elo entre mundos, um lar de entidades divinas e um portal para outras dimensões.
“A obra é um convite à contemplação e à conexão com a grandiosidade da natureza. Queremos que o visitante sinta o ciclo da vida dessa árvore e sua importância para os ecossistemas tropicais e para as culturas que habitam a Amazônia”, explica Estêvão Ciavatta.
Visitas temáticas e atividades educativas – “Natureza Transformada: atravessamentos espaciais na Casa Fiat de Cultura”
Durante o período em que “Natureza Transformada: atravessamentos espaciais na Casa Fiat de Cultura” estiver em cartaz, o Programa Educativo da Casa Fiat de Cultura vai realizar várias ações educativas. Dentre elas, haverá visitas mediadas e acessíveis, para grupos e instituições, utilizando recursos táteis e sensoriais.
Durante os sábados e domingos (dias 12 e 13, 18 a 20, 26 e 27 de abril), sempre às 16h30, serão oferecidas visitas temáticas abordando aspectos técnicos-estéticos e de concepção das obras.
Os artistas Paolo Albertelli, Mariagrazia Abaldo e Marcia Xavier trabalham rompendo com as técnicas tradicionais de escultura para criar instalações espaciais diversas, que confrontam o público com encantamento técnico, reflexões inquietantes e deslumbre estético. A proposta da visita temática é conversar sobre as ideias propostas pela exposição, as técnicas e a biografia dos artistas. Os interessados em participar devem comparecer na recepção da Casa Fiat de Cultura para retirar sua senha.
A programação paralela também contempla o Ateliê Aberto Escultura em expansão. O Ateliê vai explorar a experiência de criar arte a partir das ousadas propostas sobre escultura apresentadas por artistas nas décadas de 1960 e 1970. Nessa atividade, o público construirá uma obra por meio da técnica da assemblagem, interagindo com o espaço externo da Casa Fiat de Cultura. A atividade é aberta para todos. Para participar não é necessário se inscrever. As senhas serão distribuídas na recepção da Casa Fiat de Cultura, por ordem de chegada.
Os artistas – “Natureza Transformada: atravessamentos espaciais na Casa Fiat de Cultura”
Mariagrazia Abbaldo e Paolo Albertelli são arquitetos e artistas italianos que exploram os limites entre escultura, arquitetura e natureza. Fundadores do Studio C&C, em Turim, na Itália, unem pesquisa e experimentação para criar obras que dialogam com o espaço e desafiam a percepção. Desde 1997, desenvolvem esculturas e instalações marcadas pelo equilíbrio entre materialidade e leveza, utilizando técnicas como corte a laser e fusão de metais. Suas criações já foram expostas em museus e galerias da Itália, França, Suíça e Estados Unidos. As obras integraram os acervos de instituições como o Museo Nazionale della Montagna e o Messner Mountain Museum.
Marcia Xavier é uma artista brasileira cuja obra transita entre fotografia, escultura e dispositivos ópticos. Nascida em Belo Horizonte e formada em Comunicação Visual pela FAAP, iniciou sua trajetória nos anos 1990 com séries de autorretratos fragmentados. Seu trabalho evoluiu para a criação de aparelhos que exploram luz, espelhos e refração da água, desafiando a percepção do espectador. Com exposições individuais e coletivas no Brasil e no exterior, suas obras integram acervos como os do MAM-SP, MAR-RJ e Maison Européenne de la Photographie, em Paris.
O curador
Guilherme Wisnik é professor livre-docente e vice-diretor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, além de curador do MuBE (Museu Brasileiro de Escultura e Ecologia), em São Paulo. Autor de diversos livros sobre arquitetura, arte e urbanismo, recebeu prêmios como o Jabuti e o “Destaque ABCA”. Foi curador da 10ª Bienal de Arquitetura de São Paulo (2013) e do Pavilhão do Brasil na Expo 2020, em Dubai. Seu trabalho crítico e acadêmico é amplamente publicado em revistas nacionais e internacionais.
Informações úteis – Natureza Transformada: atravessamentos espaciais na Casa Fiat de Cultura
Período expositivo: 8 de abril a 8 de junho de 2025.
Visitação presencial: terça-feira a sexta-feira das 10h às 21h; sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h (exceto segundas-feiras).
Tour virtual no site: www.casafiatdecultura.com.br
Endereço: Casa Fiat de Cultura – Praça da Liberdade, 10, Funcionários – BH/MG
Informações
www.casafiatdecultura.com.br
casafiatdecultura@stellantis.com
facebook.com.br/casafiatdecultura
Instagram: @casafiatdecultura
X: @casafiat
YouTube: Casa Fiat de Cultura
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